terça-feira, 14 de dezembro de 2010

em três movimentos.

I

Nossos gestos eram simples e transcendentais.
Não dissemos nada
nada de mais...
Mas a tarde ficou transfigurada
- como se Deus houvesse mudado
imperceptivelmente
um invisível cenário.

II

Eu te amo tanto que
sou capaz de nos atirarmos os dois na cratera do Fuji-Yama!
Mas, aqui,
o amor é um barato romance pornô esquecido em cima da cama
depois que cada um partiu - sem saionara nem nada -
por uma porta diferente.

III

E em que mundo? Em que outro mundo vim parar,
que nada reconheço?
Agora, a tua voz nas minhas veias corre...
o teu olhar imensamente verde ilumina o meu quarto.

In: Esconderijos do tempo

-

"Porque a cidade está cega, também.
O que não é visto por ninguém
não sabe a cor e o aspecto que tem.
(...)
Porque tudo que jamais é visto
- Não existe ... "
M.Q. Esconderijos do tempo